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Organizações indígenas parceiras do projeto Moviracá realizam encontro em território Guarani Kaiowá

Organizações indígenas parceiras do projeto Moviracá realizam encontro em território Guarani Kaiowá
5 de outubro de 2023 Comunicação FLD

Equipe FLD-COMIN e lideranças da Anmiga, Arpinsul, CGY e OPIAJ junto às nhandesys, nhanderus da aldeia Jaguapiru. Foto: Daniela Huberty/FLD-COMIN

POR COMUNICAÇÃO DA FLD-COMIN

A aldeia Jaguapiru, na Reserva Indígena de Dourados, em Mato Grosso do Sul (MS), foi o local do encontro presencial de parte da equipe da FLD-COMIN e representantes das organizações indígenas que fazem parte do Grupo Político Gestor que acompanha o projeto Moviracá: direito à terra indígena, uma parceria de FLD-COMIN com o movimento indígena, financiado pela União Europeia.

Durante quatro dias, entre 26 e 29 de setembro, a Casa de Reza do território do povo Guarani Kaiowá acolheu lideranças da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) e da Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi (OPIAJ), recebidas e recebidos, todos os dias, com as rezas da Nhandesy Floriza de Souza e Nhanderu Jorge da Silva.

Nos dois primeiros dias, o grupo participou de uma formação em Gestão Coletiva de Projetos, que contou com a assessoria de Angela Amanakwa Kaxuyana, e, no último dia, houve momento de reflexões, partilhas e alinhamentos para a sequência das atividades do projeto Moviracá. O encontro foi ainda uma oportunidade de imersão da equipe da FLD-COMIN e das organizações indígenas em território Guarani Kaiowá, que sofre constantemente com ameaças e violentos ataques.

Território Guarani Kaiowá

O contexto de vulnerabilidade e violações de direitos vividos pelo povo Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul e a luta das mulheres indígenas no território foram relatados pelas mulheres da Kuñangue Aty Guasu e pelas nhandesys da Reserva Indígena de Dourados.

Jaquelina Aranduhá, uma das co-fundadoras da Anmiga e articuladora da Kuñangue Aty Guasu, apresentou a organização Kuñangue e as pautas que o movimento das mulheres Guarani Kaiowá vem debatendo. Entre elas, a violência do estado contra o povo Guarani Kaiowá, principalmente com o aumento de casos de feminicídio na região, a luta pelos territórios, a emergência climática e o racismo religioso.

Este último ponto também foi trazido com força pelas falas das nhandesys presentes, que relataram diversos episódios de queima das Casas de Reza de suas aldeias. Elas pediram segurança para seus territórios e suas famílias e valorização de seu modo de ser indígena. “As nhandesys não são acabar”, afirmou a Nhandesy Antônia, ressaltando que é através da ancestralidade que o povo Guarani Kaiowá seguirá vivendo. Da mesma forma, Nhandesy Floriza reforçou que é preciso “seguir forte”.

A dificuldade de quem vive diariamente no território Guarani Kaiowá e as denúncias já feitas foram relatadas por Vanda, também uma das articuladoras da Kuñangue Aty Guasu. Ela tratou ainda da importância dos saberes tradicionais e ancestrais das nhandesys e fez o convite ao grupo para a XI Assembleia Geral da Kuñangue Aty Guasu, o maior encontro das mulheres indígenas Kaiowá e Guarani do Mato Grosso do Sul, que acontecerá de 21 a 26 de novembro no território Panduí, no município de Amambai. FLD-COMIN, através do projeto Moviracá, será uma das organizações parceiras na realização da assembleia.

Formação em Gestão Coletiva de Projetos

Durante dois dias, o grupo que estava no encontro participou da formação “O que é importante para uma organização para ter um bom processo de gestão coletiva e viabilizar o acesso a recursos e a execução de projetos” com Angela Kaxuyana.

Mulher indígena do povo Kaxuyana da Terra Indígena Kaxuyana Tunayana, localizada no extremo norte do estado do Pará, na fronteira do Brasil com o Suriname, Angela foi coordenadora executiva da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), organização base da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), quando, pela primeira vez, a organização foi liderada por uma mulher, Nara Baré. Ela também foi uma das lideranças que ajudou a fundar a Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa).

Na formação, trabalhou questões sobre o que é gestão, o modelo de gestão mais interessante para cada organização e cada povo indígena, quais organizações são consideradas modelos de gestão, a necessidade de descolonizar a gestão das organizações e como está sendo o trabalho e o desenvolvimento das organizações com o projeto Moviracá. Assim, cada liderança teve a oportunidade de falar sobre as realidades, fluxos e os desafios de gestão de suas organizações.

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