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Campos de Trabalho

Região Noroeste do Rio Grande do Sul

Equipe

Assessora
Noeli Falcade

E-mail
[email protected]

Povos

O campo de trabalho do COMIN no noroeste do Rio Grande do Sul atua junto aos povos Guarani Mbya e Kaingang. As atividades se organizam a partir da Terra Indígena Guarita, que abrange uma área de 23.406 ha distribuída entre os municípios de Tenente Portela, Redentora e Erval Seco. A TI Guarita foi criada em uma primeira leva de demarcações feitas pelo governo estadual no período de 1910 a 1920. O COMIN se faz presente na TI desde a sua criação, em 1982, sendo este o maior tempo de atividade contínua em um lugar.

Os povos Guarani e Kaingang constituem a segunda e a terceira maior população indígena no Brasil, sendo ocupantes tradicionais do bioma da Mata Atlântica. O povo Guarani pertence ao tronco linguístico Tupi, vivendo nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Entre as características culturais mais evidentes, destaca-se a centralidade e força da língua, espiritualidade tradicional, valorização e compreensão de codependência com a floresta preservada, o cultivo de espécies de plantas tradicionais para consumo próprio e a reciprocidade entre as diferentes aldeias.

O povo Kaingang está presente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, tendo a maior concentração populacional no primeiro estado. Falante do tronco linguístico Macro-Jê, organiza-se como uma sociedade dual, dividida em metades exogâmicas (Kamé e Kairu) que se opõem e se complementam. Em termos demográficos, o povo Kaingang tem o maior número de falantes da língua materna no Brasil.

 

Áreas de Atuação

As ações do COMIN entre os povos Kaingang e Guarani na TI Guarita se dividem em três eixos: saúde e segurança alimentar, fortalecimento cultural e assessoria em direitos constitucionais para povos indígenas. Além disso, existe a promoção do diálogo intercultural através da organização de encontros entre mulheres indígenas e da IECLB.

No que se refere à saúde e segurança alimentar, junto aos grupos organizados de mulheres Kaingang, até o ano de 2018, houve o acompanhamento de nutrizes e gestantes e suporte a visitas hospitalares; realização de oficinas de preparo de compostos de ervas medicinais e de cultivo e preparo de alimentos; nutrição, prevenção e combate à subnutrição infantil; e o apoio ao direito à saúde pública e diferenciada, valorizando a socialização de saberes através do estímulo às suas práticas tradicionais de saúde e do incentivo ao uso de ervas medicinais e nutricionais e da utilização de produtos cultivados nas hortas; além do estabelecimento de parcerias de trabalho com órgãos municipais e indigenistas.

O fortalecimento cultural se expressa em material escolar para o ensaio da língua materna; em rodas de conversa com anciãs e anciãos e alunas e alunos da comunidade escolar, possibilitando oficinais de artesanato e orientações acerca dos valores e comportamentos na cultura indígena; diálogo com pais, mães, alunas e alunos sobre temas pertinentes à educação; e realização de caminhadas ecológicas, onde é possível expor o conhecimento das pessoas mais velhas sobre o meio ambiente. Quanto à educação, também há apoio à comunidade escolar indígena e à formação universitária das e dos indígenas, para que seja valorizada e garantida uma educação específica que contemple a realidade dos povos Kaingang e Guarani no Rio Grande do Sul.

Em relação à assessoria em direitos constitucionais, o COMIN promove encontros sobre direitos relacionados à saúde e educação indígenas, além de prestar apoio à garantia das terras indígenas, demarcação de novos espaços territoriais e garantia de sustentação das comunidades e da vigilância dos milites das áreas demarcadas.

Atualmente, há ênfase na atuação junto ao povo Guarani da aldeia Tekoá K’aguy Porã, município de Erval Seco, no apoio ao fortalecimento cultural, que perpassa o cultivo de sementes crioulas, com princípios de agroecologia, o cuidado com as plantas frutíferas nativas e na perspectiva do fortalecimento e respeito à espiritualidade Guarani. No diálogo intercultural, há formação de professoras e professores e direções escolares não indígenas e promoção da medicina tradicional junto às anciãs e aos anciões Kaingang.

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