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Povos da região Sul fortalecem suas lutas durante o 4º ATL Sul

Povos da região Sul fortalecem suas lutas durante o 4º ATL Sul
12 de setembro de 2022 COMIN Comunicação

Quarta edição do ATL Sul teve como temática “Descolonizando territórios: voz e visibilidade dos povos originários”. Foto: Daniela Huberty/COMIN

Mais de 800 indígenas participaram do Acampamento Terra Livre Região Sul (ATL Sul), entre os dias 4 e 7 de setembro, na Terra Indígena Toldo Chimbangue, em Chapecó (SC). Em sua quarta edição, o evento teve como temática “Descolonizando territórios: voz e visibilidade dos povos originários”.

“O ATL Sul pra nós, povos indígenas da região Sul, é muito importante nesse momento, na atual conjuntura que a gente tá passando”, afirmou Marciano Rodrigues, coordenador da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul). Ele destacou a forte presença das mulheres e juventude e o grande número de participantes, que superou as expectativas da organização do evento, feita pela própria comunidade do Toldo Chimbangue.

O encontro teve como intuito promover discussões e reflexões que somam na construção das áreas de saúde, educação, direitos sociais, territoriais e culturais. Estiveram presentes lideranças dos povos Guarani Mbya, Guarani Nhandewa, Guarani e Kaiowá, Kaingang e Laklãnõ-Xokleng.

Ao final do evento, foi decidido que a 5ª edição do ATL Sul será realizada na Terra Indígena Morro dos Cavalos, em Palhoça (SC). Será a primeira vez que o encontro irá ocorrer em território do povo Guarani.

COMIN foi uma das organizações parceiras através do projeto Moviracá: direito à terra indígena, fruto da parceria entre o movimento indígena e FLD-COMIN, financiado pela União Europeia, e do projeto com Pão Para o Mundo; e esteve presente com sua assessoria de projetos e de comunicação.

Durante todo o evento, houve diversas apresentações culturais dos povos Guarani, Kaingang e Laklãnõ-Xokleng. Foto: Daniela Huberty/COMIN

Luta pela terra

Em quatro dias de atividades, foram realizadas diversas mesas de debate, além de apresentações culturais. A questão territorial foi uma das principais pautas do evento, através das mesas “Direitos territoriais e sustentabilidade” e “Territorialidades – exploração e usufruto: hipocrisia ou realidade?”.

“A região Sul tem o maior número de áreas de retomadas, áreas de demarcação de terras que estão na luta, áreas em conflitos, a questão do agronegócio é bastante forte. Então muitas pautas assim, que são dos povos indígenas do Brasil todo, geralmente elas têm uma origem daqui”, lembrou Marciano, citando a questão do marco temporal como um dos pontos mais importantes da discussão territorial para os povos indígenas nesse momento.

A tese do marco temporal é pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) através do julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 1.017.365 e os povos do sul são diretamente afetados pela decisão pois, além de definir o futuro da demarcação das terras indígenas em todo o país, o RE diz respeito a uma ação de reintegração movida pelo governo de Santa Catarina contra o território Ibirama-Laklãnõ, do povo Laklãnõ-Xokleng. O julgamento foi suspenso em junho deste ano e ainda não possui data para retornar.

No primeiro dia de plenárias, também foi realizada a mesa “Educação: Sistema MEC x Educação Escolar Indígena – a autonomia das escolas indígenas na construção de educação escolar diferenciada”, com a presença de professoras e professores indígenas e não indígenas.

Mulheres e juventude indígena presentes

Já no segundo dia, as mesas de debate foram sobre os temas “Saúde indígena: desafios do tempo presente”, “Violência e diversidade de gênero” e “Juventude e seu protagonismo social, político e cultural”.

O maior número de mulheres indígenas e da juventude participando do evento mostra a forte presença desses grupos à frente dos movimentos e mobilizações.

“Estar nesse movimento, nessa linha de frente de luta como mulher indígena, pra mim, é um desafio muito grande, mas também trago isso como uma missão. E estar no movimento indígena da região Sul é ainda mais desafiador, porque nós estamos num lugar que sofreu esse primeiro impacto desde 1500, quando as caravelas chegam, a colonização que vem por aqui”, afirmou Eunice Kerexu, uma das coordenadoras executivas da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Representando a juventude indígena, Txulunh Gakran, presidente da Associação da Juventude Indígena Xokleng, destacou a necessidade de se fazer uma luta unificada. “A importância de estar nesse acampamento, enquanto juventude, é mostrando que a gente não só tem o interesse como quer fazer parte desse movimento, porque a gente acredita que não é o futuro, a gente é o agora. E tudo que fizemos agora, enquanto juventude, vai fazer diferença pra nossa comunidade lá no futuro”.

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