POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO COMIN
A Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR) realizou, entre os dias 4 e 6 de novembro, uma Oficina de Comunicação para mulheres indígenas de Rondônia. Com o tema “Ferramentas para defesa dos territórios”, a oficina teve como objetivo capacitar as mulheres para comunicar a luta de seus povos e territórios, utilizar as mídias sociais e produzir conteúdo próprio.
Treze mulheres participam das atividades, que aconteceu na Aldeia Paiter Linha 09, Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO), e teve assessoria do comunicador da AGIR, Neto Ramos. As mulheres representaram os povos Aikanã, Arara, Cinta Larga, Kampé, Paiter Suruí, Sabanê, Sakyrabiar, Tupari e Wajuru, das Terras Indígenas Igarapé Lourdes, Kwazá, Meguéns, Rio Branco, Roosevelt e Sete de Setembro.
FLD-COMIN foi parceira na realização da Oficina de Comunicação através do projeto Moviracá: direito à terra indígena, fruto da parceria entre o movimento e FLD-COMIN, financiado pela União Europeia. Também esteve presente com sua assessoria de comunicação e de projetos.
Momentos de formação
A oficina iniciou com um momento de acolhida da AGIR, através da coordenadora Fabrícia Sabanê, e de apresentação das mulheres. Foram ainda apresentadas as organizações indígenas existentes no país, com foco na região Amazônica, entre elas a própria AGIR. Neste primeiro dia, a assessoria também falou sobre as principais plataformas digitais e realizou uma atividade para identificação de pautas de interesse e públicos-alvo.
No segundo dia, as mulheres aprofundaram-se nos métodos do Instagram e trabalharam com foto e vídeo, produzindo conteúdo para as redes da AGIR. À noite, o grupo assistiu a uma exibição especial do documentário “O Território”, junto às famílias indígenas da aldeia. Ao final da exibição, todas e todos debateram sobre as temáticas trazidas pelo filme, que retrata a luta do povo Uru Eu Wau Wau contra a invasão de seu território. Um dos destaques foi o uso da tecnologia para monitorar essas invasões e a comunicação como ferramenta de denúncia.
No terceiro e último dia, elas conheceram o Centro Cultural Wagôh Pakob e aproveitaram o espaço para praticar a fotografia. Também colocaram em prática os conteúdos da oficina através de debate para a criação de uma campanha de combate ao racismo contra os povos indígenas, e aprenderam a usar aplicativos de edição de imagem e vídeo. Houve ainda apresentação de dança e canto Suruí.
Comunicar para fortalecer
Durante o encerramento da oficina, Fabrícia Sabanê e Neto Ramos ressaltaram a importância da comunicação para o empoderamento das mulheres. “A participação das mulheres foi de forma muito interativa em cada etapa do conteúdo. Destaquei a comunicação como uma estratégia de luta e resistência para os povos indígenas e fortalecimento de suas organizações”, afirmou Neto.
Mayara Cinta Larga destacou que é preciso, cada vez mais, envolver as mulheres e a juventude nesses espaços. “Precisamos realmente de ferramentas pra estar divulgando a nossa cultura, o nosso dia a dia”. Um dos comunicadores da AGIR, Givanilson Tupari aconselhou o grupo que siga praticando para aprimorar seus conhecimentos. “Hoje é uma ferramenta fundamental pra nós. É uma arma nossa. Não é pra atacar, mas pra defender. É de suma importância essa comunicação nossa”.
Maria Leonice Tupari, liderança da AGIR e moradora da Aldeia Paiter, reforçou o potencial da comunicação para se dizer o que está acontecendo nos territórios e lembrou que formar novas comunicadoras é uma forma de fortalecimento da AGIR e das organizações de base do movimento indígena.