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Dia Internacional das Mulheres Indígenas

Dia Internacional das Mulheres Indígenas
5 de setembro de 2022 Comunicação FLD

Foto: Daniela Huberty/COMIN

Dia 05 de setembro, Dia Internacional das Mulheres indígenas, nós, mulheres indígenas, temos muito a dizer para a humanidade. Somos as primeiras brasileiras e estamos preocupadas com a continuidade da vida. Por isso, nos colocamos em muitas lutas em âmbito nacional e internacional. Somos sementes plantadas com nossos cantos entoados por justiça social, pela demarcação dos nossos territórios, pela floresta em pé, pela saúde, pela educação, para conter a emergência climática e pela “Cura da Terra”. Nossas vozes já romperam os silêncios imputados a nós desde a invasão do nosso território.

A população indígena do Brasil é formada por 305 povos, falantes de 274 línguas. Somos aproximadamente 900 mil pessoas, sendo metades destas mulheres. Nós, originárias da Terra, repudiamos a liberação da mineração e do arrendamento dos nossos territórios, a flexibilização do licenciamento ambiental, o financiamento do armamento no campo. Enfrentamos o desmonte das políticas indigenista e ambiental. Estamos a cinco séculos sobrevivendo ao etnogenocídio.

As mulheres indígenas, em 08 de março de 2021, passam a se articular em uma rede chamada ANMIGA – Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, conectando mulheres indígenas de todos biomas do Brasil, com saberes, com tradições, com lutas que se somam e convergem em mulheres mobilizadas pela garantia dos direitos indígenas e da vida dos nossos povos.

Neste ano de 2022, a ANMIGA está realizando a Caravana das Originárias da Terra, indo aos territórios indígenas construir um amplo diálogo com as mulheres sobre emergências climáticas, violações de direitos e violências contra as indígenas, bioeconomia na perspectiva de sustentabilidade para os povos, participação das mulheres nos espaços de poder na política partidária e fortalecimento das redes de povos e parceiros chamando todas e todos para REFLORESTARMENTES.

Em virtude das constantes violações de direitos, aprofundadas no contexto da pandemia, é urgente fortalecer a contribuição das originárias da terra, qualificando e ampliando suas ações nos espaços de participação política e decisória e apoiando a participação qualificada das mulheres indígenas como protagonistas e multiplicadoras. Nossas lideranças estão em permanente processo de luta em defesa de direitos para a garantia da nossa existência, que são nossos corpos, espíritos e territórios.

Neste dia, queremos que a sociedade ouça, leia, veja os nossos questionamentos: Como calar diante de um ataque? Diante de um Genocídio que faz a Terra gritar mesmo quando estamos em silêncio? A Terra tem muitos filhos e uma mãe chora quando sente que a vida que gerou hoje é ameaçada, é violentada, é destruída. A Terra é irmã, é filha, é tia, é mãe, é avó, é útero, é alimento, é a cura do mundo. Mas, ainda existe a chance de mudar isso, porque nós somos a cura da Terra!

*Artigo escrito pelas mulheres indígenas da ANMIGA – Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade para o projeto Moviracá: direito à terra indígena, fruto da parceira entre o movimento indígena e a FLD-COMIN, financiado pela União Europeia (UE).

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