POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD
‘’Nós, mulheres indígenas, temos que mostrar a força que nós temos para as outras pessoas!’’, afirmou Maria Eufrásio, uma das protagonistas do documentário “Mulheres Araucárias”, antes da sua primeira exibição, realizada dia 4 de abril no Museu Paranaense (MUPA), em Curitiba (PR).
Cerca de cem pessoas acompanharam o lançamento do documentário, entre elas indígenas do Território Indígena de Mangueirinha, do município de Mangueirinha (PR), e da Aldeia Kakané Porã, localizada em Curitiba. O público pode também ouvir as mulheres Kaingang que foram protagonistas e produtoras do documentário, em um momento de muita força e emoção.
“Mulheres Araucárias” conta as vivências de luta, resistência e esperança de Maria, Jociele e Tayla, três gerações de mulheres Kaingang que “caminham” desde o território indígena no Paraná até a III Marcha das Mulheres Indígenas, ocorrida em 2023, em Brasília (DF), conectando as mulheres Kaingang e as árvores de araucárias na resistência aos projetos de morte nos territórios indígenas no bioma Mata Atlântica.
‘’Do chão da aldeia até o asfalto onde nos propomos a estar, carregamos nossa força amparadas nos ensinamentos e costumes nos passados de geração em geração pelas nossas javés (ancestrais) e pelas nossas jangrēs (encantados) para resistir em qualquer lugar do mundo’’, afirmou Camila Mīg Sá, comunicadora da Mídia Indígena Oficial e uma das produtoras do documentário.
‘’Pela primeira vez na história do Paraná, um documentário é escrito e produzido por mulheres indígenas. Isso é um marco pra cultura do estado e também para nós mulheres, pois já usamos vários elementos como defesa dos nossos direitos e da nossa cultura: primeiramente foi a flecha, depois a caneta e hoje o audiovisual’’, ressaltou Vanessa Fe Há, coordenadora de comunicação da Articulação dos Povos indígenas da Região Sul (Arpinsul), cofundadora da Ga Jarē – Associação de Mulheres Indígenas Kaingang/Guarani do Estado do Paraná e também uma das produtoras.
A comunicadora explicou que ‘’o documentário é como se eu conseguisse deixar o meu marco também na história do meu povo Kaingang, já que eu não sei a minha língua, pois ela foi arrancada de mim há milhares de anos. Então é a minha nova forma de me comunicar, e é ainda mais lindo quando pensamos que esta comunicação está sendo feita através de mulheres, que são as responsáveis por levar a cultura para os mais jovens’’.
“Mulheres Araucárias” é um convite para conhecer e reconhecer o importante papel das mulheres Kaingang e das araucárias na defesa da vida e dos territórios. ‘’Foi muito importante pra mim mostrar a cultura, as vivências e as dificuldades da mulher kanhgág, enquanto mãe e mulher que está, de alguma forma, buscando o melhor pra sua comunidade, está no movimento’’, disse Jociele Luiz. ‘’E ter essa relação da nossa araucária com a mulher ou as mulheres indígenas é incrível. Somos fortes assim como a resistência que nossa Fág tem. Essa representatividade da mulher Kaingang é a força de todas juntas’’.
Tayla Cristine Luiz Chagas afirmou que, ter participado do documentário, foi um aprendizado. ‘’E eu espero que a juventude veja que é importante estar participando do movimento indígena e estar nestes espaços de representatividade, mostrando que a mulher Kaingang pode ser todas as existentes no Brasil, com força e com a ancestralidade da nossa araucária’’.
Durante o lançamento, as mulheres Kaingang abriram uma faixa com a frase ‘’Meu corpo é meu primeiro território. RESPEITE!’’. ‘’Não aceitaremos mais nenhum tipo de violência contra as mulheres indígenas. Lutaremos e faremos o que for necessário para denunciar violências, ameaças e perseguições que acontecem conosco, usando das redes sociais, dos espaços físicos de fala e de manifestações tanto artísticas como políticas para trazer à tona o desrespeito à mãe terra e às mães indígenas desse país’’, destacou Camila.
“Mulheres Araucárias” faz parte do projeto Moviracá: direito à terra indígena, fruto da parceria entre o Movimento Indígena e a Fundação Luterana de Diaconia-Conselho de Missão entre Povos Indígenas (FLD-COMIN), financiado pela União Europeia (UE).
Assista ao documentário abaixo.