Com o tema “Mulheres: corpos-territórios indígenas em resistência!”, o Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN) e as mulheres indígenas da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) lançaram o caderno da Semana dos Povos Indígenas 2023.
O lançamento ocorreu dia 31 de janeiro durante a Pré-Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília (DF), com a presença de Braulina Baniwa e Jozileia Kaingang, mulheres terra da ANMIGA e autoras do caderno, Kassiane Schwingel, assessora de projetos de FLD-COMIN, e Marilu Menezes, coordenadora programática de FLD-COMIN-CAPA.
Braulina afirmou que, junto às organizações parceiras, a ANMIGA está pautando a presença das mulheres indígenas e a diminuição da discriminação do Estado brasileiro, e Kassiane reforçou que o objetivo do material é fazer o enfrentamento ao racismo, sendo a própria fala das mulheres indígenas a partir de seus biomas.
“O caderno traz a nossa coletividade, é uma escrita coletiva de todas nós”, lembrou Jozileia. Ela ainda ressaltou que as mulheres indígenas seguem em fortalecimento em seu dia a dia e, por isso, o material deve ser usado como instrumento de resistência e valorização de suas vidas.
Cerca de 400 mulheres indígenas, representando 22 estados do país e 93 diferentes povos, participaram do evento. Além do caderno, as mulheres conheceram e ganharam o jogo de tabuleiro “Quem é ela? Conheça as guerreiras da ancestralidade”, que tem o objetivo de apresentar as mulheres que fazem parte da ANMIGA, seus biomas, povos e elementos.
Assista ao lançamento abaixo:
Caderno da Semana dos Povos Indígenas 2023
Quando se pensa no corpo-território indígena, é necessária uma reflexão para além do que entendemos comumente como um corpo. Quando as mulheres indígenas falam de seus corpos-territórios, elas estão falando das heranças ancestrais e espirituais que carregam, além da sabedoria coletiva de seus povos.
O caderno da Semana dos Povos Indígenas 2023 quer, não somente tematizar a presença e atuação de mulheres indígenas, mas, especialmente, ser a própria fala dessas mulheres a partir de seus biomas, “porque somos terra, sementes, raiz, tronco, galhos, folhas e frutos, mulheres conectadas com o corpo da Terra”.
O material é escrito pela ANMIGA, um movimento ancestral, tradicional e social, criado e constituído por mulheres indígenas dos seis biomas brasileiros, desde o chão da aldeia até o chão do mundo; e ilustrado por Wanessa Ribeiro, do povo Guarani Mbya. Acesse a publicação aqui.
Pré-Marcha das Mulheres Indígenas
A Pré-Marcha das Mulheres Indígenas aconteceu entre os dias 29 de janeiro e 1º de fevereiro para que as mulheres debatessem coletivamente perspectivas de incidências em espaços de poder e o começo da construção da III Marcha das Mulheres Indígenas, prevista para setembro de 2023.
No dia 1º, como atividade de encerramento, as mulheres realizaram a posse ancestral da Bancada do Cocar, composta por Célia Xakriabá e Sonia Guajajara. O momento foi acompanhado por Joenia Wapichana, presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e pela primeira-dama Janja Lula da Silva.