Nota da Fundação Luterana de Diaconia – Conselho de Missão entre os Povos Indígenas
“Nós, povos indígenas, originários dessa terra, exigimos respeito”.
Sónia Guajajara
Os povos indígenas de todo o Brasil permanecem denunciando a prática colonialista. O atual colonialismo se mostra mercantilista, atroz e devastador. A exploração de recursos e da força de trabalho das pessoas visa a geração de máximo de dividendos para o sistema financeiro. Propagar que “o índio está evoluindo e se tornando um ser humano igual a nós” é um projeto político de integração e submissão destes povos à política neoliberal.
As proposições do projeto de lei 191/2020, que visam legalizar a mineração, a exploração dos recursos hídricos e a grilagem das terras demarcadas, afrontam o direito do “usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”, também estabelecido pelo artigo 231 da Constituição Federal de 1988.
Neoliberalismo e fundamentalismos estão sobre a mesa do capitalismo, servindo nada menos que violências nos territórios tradicionais. A indicação de uma liderança religiosa cristã, para presidir coordenação vinculada a FUNAI, comprometida com práticas proselitistas de oposição à religiosidade indígena e sem experiência na gestão de políticas públicas, é a rememoração de todas as atrocidades realizadas no Brasil em nome da fé e em nome de Deus.
Deus é diversidade, liberdade e amor.
Tais atos do atual governo se caracterizam como afrontas à dignidade, à autonomia e à diversidade dos povos indígenas no país.
Repudiamos toda e qualquer política de estado racista, misógina, fundamentalista, colonialista e neoliberal. Defendemos a autonomia e a diversidade dos povos indígenas e o direito aos seus territórios.
Afirmamos os princípios da justiça, da democracia e de uma sociedade plural e multiétnica.
7 de fevereiro de 2020
Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas