Com colaboração do Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Identidade
Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Identidade, da Universidade Federal do Acre (Ufac), em parceria com o COMIN, realizou o III Seminário Internacional de Linguagens e Culturas Indígenas entre os dias 4 e 6 de novembro, no campus-sede da universidade. Com o tema “Línguas Ameríndias: Diversidades, Tradições e Memórias”, o evento teve o objetivo de promover um espaço de debate e reflexão a partir de estudos linguísticos interdisciplinares, aproveitando as crescentes discussões alusivas ao Ano Internacional das Línguas Indígenas, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em torno de ações efetivas de visibilidade e promoção de políticas para a manutenção e desenvolvimento das línguas ameríndias.
No primeiro dia do seminário (4), aconteceu a abertura da exposição fotográfica “Cerâmicas Apurinã” e o lançamento do livro “Cerâmica Apurinã: resistência com as mãos no barro”, publicação organizada pelo COMIN que retrata a produção de cerâmica Apurinã e expressa a força, firmeza e dedicação que algumas mulheres Apurinã ao longo do tempo conseguiram manter vivas. Esse momento contou com a exposição de cerâmicas para venda e visibilidade e a presença das mestras ceramistas Emamanura Apurinã, da TI Peneri Tacaquiri, comunidade Boa União (Pauini /AM), e Katsuna Apurinã, da TI Camicuã, comunidade Camicuã (Boca do Acre/AM), além da ceramista Vanete Apurinã, filha de Emamarupa. Cerca de 150 peças de cerâmica ficaram expostas, produzidas por ceramistas de Pauini e Boca do Acre, aproveitando a realização do XIII Congresso de Linguagens e Identidades das/nas Amazônia (LIA) que acontecia também na Ufac, nos dias 7 e 8.
Além da representativa do povo indígena Apurinã, o povo Huni Kui participou do seminário através de duas oficinas realizadas no dia 5. A oficina de Pintura Corporal Huni Kui foi ministrada por Bismani Huni Kui e a oficina de Canto Huni Kui por Mapu Huni Kui, integrantes do Centro Huwã Karu Yuxibu. As duas oficinas tiveram participação do público acadêmico do seminário. A programação do evento contou ainda com conferências, mesas-redondas, minicursos e comunicações individuais.
Na solenidade de abertura, a assessora de projetos do COMIN, Ana Patrícia Ferreira, leu uma nota de repúdio da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) que tratava sobre a violência sofrida pelos povos indígenas e o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara. Na ocasião, a presidenta da comissão organizadora do seminário, Gabriela Codinhoto ressaltou que a principal meta do evento era promover um espaço transfronteiriço de diálogos e debates. “Agradecemos a toda comunidade indígena, razão da existência desse evento e a quem dedicamos todos os trabalhos, na esperança de que suas linguagens, culturas, memórias e tradições sejam cada dia mais respeitadas na academia e fora dela”, disse.