O coordenador pastoral e programático do Conselho de Missão entre Índios (Comin), Hans Trein, participou, entre os dias 21 e 25 de janeiro, da terceira edição do Fórum Mundial de Teologia e Libertação, reunido em Belém/PA, quando ministrou as oficinas “A mulher que converteu Jesus” e “Terra – matéria-prima dos humanos”.
Fazendo eco ao tema central que impulsionou as atividades do fórum “Água, Terra, Teologia – para outro mundo possível”, Trein difundiu a mensagem de que a terra constitui uma herança da humanidade, bem como a luz do sol, o ar e a água.
“Na verdade nunca seremos donos da terra, mas é ela quem é dona de nós”, sentenciou o pastor luterano durante a oficina “Terra – matéria-prima dos humanos”, realizada no último domingo, dia 25.
Ao apresentar o relato bíblica da criação segundo o qual Deus forma um boneco de barro para, em seguida, insuflar-lhe o sopro da vida, Trein comentou que à medida em que a civilização avança ocorre também um processo de distanciamento da terra. “Ao nos distanciarmos da Mãe-Terra, estamos também nos distanciando da matéria-prima que nos forma, e isso pode ser nocivo”, comentou.
Como mensagem aos participantes da oficina, Trein considerou urgente a reflexão em torno dos valores ambientais para que as civilizações ocidentais, assim como fazem as comunidades indígenas, redescubram a dimensão de que somos terra e vamos nos tornar terra.
Durante os trabalhos em torno da oficina “A mulher que converteu Jesus”, ministrada na última quinta-feira, 22, o pastor da IECLB se propôs a ler a narrativa do encontro de Jesus com a mulher Cananéia a partir de uma perspectiva étnico e cultura.
Enquanto caminhava com os discípulos, contou, Jesus se deparou com uma mulher que, desesperada, implorava por ajuda. Sua filha estava doente e Jesus, num primeiro momento, não atendeu ao seu clamor argumentando trabalhar somente em favorecimento das ovelhas perdidas do povo de Israel.
No entanto, a submissão da mulher Cananéia e a sua situação de desespero converteram Jesus para uma dimensão do seu ministério que, até aquele momento, não estava contemplada em seu horizonte.
“Essa mulher abriu o horizonte de Jesus para o mundo todo, para as outras culturas, para os outros povos”, afirmou Trein ao sublinhar que, a partir do encontro com a mulher Cananéia, Jesus compreendeu que o projeto de salvação não se restringia a uma só povo, mas era extensivo a todas as nações da Terra.
O Comin executa o compromisso da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) com os povos indígenas, através de diálogo inter-religioso e atitudes de mediação e reconciliação.
A Faculdades EST, em parceria com o Comin, está ministrando curso inédito de Pós-Graduação, Especialização e Lato Sensu com a participação de docentes e discentes indígenas. Intitulado “Educação, Diversidade e Cultura Indígena”, o objetivo do curso é qualificar professores, educadores, lideranças e professores de outras áreas do conhecimento para a prática em educação na diversidade.