De 15 a 20 de dezembro, o Comin reuniu, na cidade gaúcha de Gramado, os 20 obreiros e obreiras de todos os seus campos de trabalho, do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Educadoras e educadores, enfermeira e enfermeiro, pastoras e pastores, médica, agrônomo, advogada e advogados e assistentes sociais compõem o grupo de obreiros do Comin.
Um curso sobre perspectivismo ameríndio, nos dias 15 e 16, abriu a programação. “O perspectivismo não é só uma forma de ver o mundo. É também uma forma de estar no mundo”, definiu a assessora do curso, Dra. Joana Miller, do Museu Nacional do Rio de Janeiro. A assessora trouxe também comentários comparativos sobre animismo, naturalismo, relativismo, corpo/alma, transformação e metamorfose corporal. “Para nós, há uma diferenciação entre o mundo dos animais, da natureza e o mundo dos humanos, da cultura. Para os povos indígenas não há essa dicotomia. Natureza e cultura também se fundem e se interrelacionam”, ensinou.
Como diferenças de perspectivas, Joana Miller trouxe vários exemplos: humanos se vêem como humanos e vêem os animais como animais; animais predadores e espíritos se vêem como humanos e vêem os humanos como animais de presa; animais de presa se vêem como humanos e vêem os humanos como espíritos e/ou animais predadores. “A condição humana não é fixa. Ela depende de quem fala que é humano”, expôs a assessora. Para a catequista Maria Ione Pilger, obreira do Comin junto ao povo Kaingang na região da Grande Porto Alegre e Central do RS, o tema abordado possibilitou “rever e reconstruir” conceitos, levando a perceber que existem diversas formas de aprender e de obter conhecimento. “Existe um compromisso que é nosso. Não podemos projetar nos outros o nosso compromisso com a natureza”, exemplificou Ione. “Só se pode aprender, se compreendemos que nossa forma de ver o mundo e a nós próprios não é a única forma”, reforçou. Na avaliação da pastora Jandira Keppi, que atua em Ji-Paraná/RO, com os povos Arara e Gavião, no curso sobre pespectivismo Joana Miller trouxe uma teoria nova encabeçada por Eduardo Viveiros de Castro, que aponta como os humanos e não-humanos vêem a si mesmos e aos outros.
Encontro de obreiros – Os dias 17 e 18 estiveram reservados para um encontro de compartilhar experiências entre obreiros e obreiras, de planejamento na área de formação e de discussão do novo Regimento Interno do Departamento de Assuntos Indígenas (DAI) da Instituição Sinodal de Assistência, Educação e Cultura (ISAEC) o rosto jurídico do Comin. A ISAEC constitui um dos braços sociais da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Representaram a ISAEC no encontro o secretário executivo, Silvio Iung, e o chefe do Departamento de Pessoal da instituição, Clóvis Christmann.
Reunião do Conselho – O encontro de Gramado teve seu encerramento com a reunião do Conselho do Comin, nos dias 19 e 20, coordenada pelo vice-presidente da Diretoria, Oneide Bobsin. Nesta ocasião o novo Regulamento Interno do COMIN foi um dos pontos centrais da pauta. O processo de construção desse regulamento que terá seqüência durante o primeiro semestre de 2009 recebeu importantes direcionamentos e encaminhamentos. Otávio Schüller representou o Conselho da Igreja da IECLB e o Conselho da ISAEC nesta reunião. Na manhã de encerramento, o encontro contou ainda com a presença de Carlos Gilberto Bock e Dezir Garcia , da Fundação Luterana de Diaconia da IECLB, parceira do Comin em vários projetos.
Culto de encerramento – O evento teve seu encerramento com um culto, conduzido pelo pastor Hans Trein, da equipe da Secretaria Executiva do Comin. Durante a celebração, houve a despedida formal dos obreiros alemães pastor Frank Tiss e da médica Christiane Tiss e de seus filhos, Tilman (9), Luise (6) e Adele (3). Frank Tiss está há 16 anos no Brasil, desde 1994 junto aos índios Kulina, em Eirunepé (AM). Christiane está no país desde 1998, e realizou em Manaus sua residência médica como ginecologista e obstetra, através de intercâmbio formal entre as universidades de Hamburgo (Alemanha) e de Manaus. Ela passou a atuar como obreira do Comin em 2000. A família Tiss retorna à Alemanha em junho.
Durante a celebração final, Rogério Link foi enviado como novo obreiro do campo de trabalho no Acre e Sul do amazonas, Abraão Schäfer foi enviado a Eirunepé, Marlise Thielke, acolhida como nova integrante da Secretaria Executiva; Evanir Kich e Ingret Kaminsky receberam as bênçãos para seus novos campos de trabalho (Evanir, atuará na Grande Porto Alegre junto aos Guarani e Ingret, no leste catarinense junto aos Xokleng e Guarani). Ingelore Starke Koch foi instalada como nova integrante da Diretoria do Comin.