Aconteceu nos dia 23 e 24 de junho na T.I Kamicuã, na aldeia Kamicuã, no município de Boca do Acre-AM, a primeira oficina da língua Apurinã do ano de 2011. A oficina contou com a participação de 20 pessoas: professores, lideranças, estudantes, e falantes da língua Apurinã, bem como a Coordenação da Secretaria de Educação Escolar Indígena do município. O COMIN está contribuindo com o povo Apurinã dos municípios de Boca do Acre e Pauiní no estado do Amazonas com ações pautadas na educação, saúde e etnossustentabilidade, trabalhando de forma bem específica no campo da educação escolar indígena. O objetivo é assessorar a educação escolar indígena Apurinã para que de fato esta possa ser na prática uma educação diferenciada, conforme assegura a Constituição Federal. Na especificidade dessa educação diferenciada, a língua Apurinã ganha uma maior visibilidade no campo de trabalho da educação, tendo então como referencial, a revitalização dessa língua. Com o estudo da língua e a coleta de dados têm-se a pretensão de elaborar materiais didáticos na própria língua, como forma de construir essa revitalização e também ter a prática da escrita em apurinã. Considerando que este povo tem por tradição a oralidade, vivendo agora em outro contexto, a prática da escrita em apurinã, irá apresentar outra conotação no processo de ensino-aprendizagem. Durante o tempo todo contamos com o apoio de falantes dessa língua, pois no processo de revitalização, esses falantes representam para as comunidades Apurinã ‘bibliotecas vivas’, onde cada qual é tratado como professor da língua. O grande respeito que as comunidades demonstram por cada falante foi percebido durante toda a oficina. A oficina teve como primeiro passo uma reflexão com os participantes com a seguinte pergunta: Qual a importância de revitalizar a língua Apurinã? A reflexão em torno dela gerou um debate bem construtivo entre todos os participantes, que durante toda oficina amadureciam ainda mais o assunto. Trabalhamos o alfabeto, a grafia e o estudo de cada som, grupos de palavras divididos por temas como: fauna, flora, numerais, grupos de palavras que demonstram o contraste fonológico entre vogais curtas orais e vogais curtas nasais. O povo Apurinã, em parceria com o COMIN, linguistas, pedagogos, professores e os falantes da língua, tem tentado construir em conjunto a questão da escrita, de forma a trazer uma coerência com o próprio sistema da língua em estudo. Proporcionamos, assim, uma discussão produtiva, eficaz para a língua Apurinã. Durante a oficina percebemos um esforço coletivo para que esse povo construa e aplique a grafia da sua língua, registrando materialmente a sua oralidade, caminhando então para a conquista de um valor social tão discriminado em nosso país, porém almejado por muitos grupos ameríndios: o respeito à identidade cultural diferenciada.