A décima edição do Fórum Social Pan-Amazônico em 2022 acontece na capital paraense, lugar que recebeu a primeira edição e configura-se num evento de alcance global. Acontecerá no final deste mês, em Belém, no Campus do Guamá, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e vai reunir representantes dos nove países da Pan-Amazônia: Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, além de outros países da Europa e Ásia. Também estarão reunidas lideranças dos povos indígenas, povos tradicionais, representantes de movimentos sociais, ambientalistas, professores, cientistas, sociedade civil e autoridades para debater e apresentar políticas em defesa da Amazônia. São esperadas mais de cinco mil pessoas durante os quatro dias de evento.
O X Fospa é o principal evento de mobilização, resistência e esperança da Pan-Amazônia neste ano de 2022, ano marcado pelo aumento da pobreza no continente latino-americano, a guerra na Europa e, também, a guerra declarada à Amazônia pelo extrativismo predatório, narcotráfico, pesca ilegal, entre outros. E o ano do assassinato de tantos defensores da natureza, como recentemente, do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
Nesta edição, o Fórum foi dividido por casas temáticas – as Casas dos Saberes e Sentires, construídas coletivamente a partir das linhas centrais dialogadas e aprovadas pelo Comitê Internacional do X Fospa. O nome dado a cada casa já dimensiona a abrangência dos temas em pauta: Casa dos Bens Comuns; Casa dos Povos e Direitos; Casa dos Territórios e Autogoverno e Casa da Mãe Terra.
Na Casa dos Povos e Direitos, as organizações baseadas na Fé: CESE, FEACT, PAD, Rede Igrejas e Mineração, Igreja Evangélica de Confissão Luterana /Belem, REPAM, Rede Amazonizar, COMIN, CIMI, CAIC, CPT, Comitê Dorothy e Koinonia construíram coletivamente o Tapiri Ecumênico e Inter-religioso.
Tapiri é uma palavra indígena, que significa “Palhoça onde se abrigam caminheiros/as”. E foi a partir deste significado, que o grupo propõe o diálogo inter-religioso entre as organizações que atuam na Amazônia legal e na Pan-Amazônia, fortalecendo as lutas pela promoção e garantia dos direitos dos povos da Amazônia e o combate aos fundamentalismos religiosos e políticos.
O Tapiri Ecumênico e Inter-religioso estará na Casa dos Povos e Direitos, com as mesas:
– Como os Fundamentalismos e Racismos Religiosos têm afetado a vida dos/das indígenas e do povo de Terreiro, no dia 29/07, das 9h-11h;
– Como os Fundamentalismos e Racismos Religiosos tem afetado a vida das Mulheres, da Juventude e dos povos e comunidades tradicionais? No dia 29/07, das 13h30-15h30;
– Ecologia Integral – No rastro do Sínodo da Amazônia, no dia 30/07, das 9h-11h;
– O que sua fé tem feito para defender a Amazônia? Compartilhando boas práticas de fé e resistência, no dia 30/07, das 14h-15h. A partir das 15h haverá lançamento de publicações.
Ato dos/as Mártires da Floresta Amazônica
O Tapiri Ecumênico e Inter-religioso também está na organização do Ato dos/as Mártires da Floresta Amazônica, que promete ser um dos pontos altos do X Fospa. Diversas entidades, pastorais, grupos e movimentos que lutam em defesa da vida e da Amazônia a partir de sua fé e espiritualidade se organizaram para propor, no X FOSPA, um grande evento em memória dos/as mártires. A coordenação deste evento está sob a condução das organizações que compõe o Tapiri, entre elas a CESE.
Segundo, Padre Dário Bossi, atual coordenador provincial dos Combonianos no Brasil e assessor da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM-Brasil, “Não serão celebrados somente mártires (mulheres e homens) ligados a uma ou outra igreja: queremos resgatar, muito mais amplamente, pessoas que deram a vida pela Amazônia”, complementando que “não consideramos apenas pessoas individuais: há comunidades inteiras que são mártires, no sofrimento e na aniquilação, e na organização e na resistência”.
Para Sônia G. Mota, pastora da Igreja Presbiteriana Unida/IPU e Diretora Executiva da Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE, muitos são os/as mártires a serem celebrados/as: ‘’ Não podemos deixar de reconhecer que os povos indígenas são os verdadeiros mártires da Amazônia. Importantes defensores da floresta, os povos originários foram não apenas os primeiros habitantes da região, mas são também as maiores vítimas da guerra global, não declarada contra a natureza”.
O Ato dos/as Mártires da Floresta Amazônica acontece:
Data: 29 de julho
Horário: 15h30-17h30
Local: Auditório Benedito Nunes – Campus Guamá da UFPA
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