POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO COMIN
Docentes da rede municipal de ensino de Estância Velha (RS) participaram, neste mês de novembro, do curso de formação “Povo M’bya Guarani: cultura viva na escola”, realizado pelo PROFORDI – Programa de Formação e Diálogo Intercultural e Inter-religioso do COMIN. O grupo, formado por 40 pessoas, conheceu a Retomada Ka’aGuy Porã, na cidade de Maquiné (RS), para um momento de vivência com o povo M’bya Guarani.
O objetivo do curso, que é contratado pela Secretaria Municipal de Educação de Estância Velha desde 2017, é proporcionar formação continuada às professoras e aos professores sobre a questão indígena e também atender a demanda da Lei 11.645/08, que inclui no currículo oficinal da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. “O COMIN nos proporciona, já tem alguns anos, experiências de formação muito significativas”, afirmou Bruna Bianchi Cagliari, professora de Geografia.
A formação tratou dos temas “Povos Indígenas no Brasil, racismo contra povos indígenas na construção do Brasil e conhecendo o povo Guarani M’bya” e “Como trabalhar povos indígenas em sala de aula, povos indígenas na BNCC, práticas pedagógicas antirracistas”.
Vivência na Retomada Guarani
Na Retomada Ka’Aguy Porã, as professoras e os professores foram recebidas e recebidos pelo cacique André Benites no espaço da Escola Municipal Indígena Teko Jeapo. André contou ao grupo que a escola foi construída pelas crianças e jovens estudantes da comunidade e que o nome significa “cultura em ação”.
Ka’aGuy Porã é a primeira retomada no Rio Grande do Sul. Atualmente, existem outras seis no estado. André explicou que a retomada, iniciada em 2017 e em processo de homologação, não foi feita apenas para uso da área, mas também para retomar o conhecimento e a história e ter autonomia: “Estamos aqui tentando manter nossa cultura, nossa semente. Nossa luta tá andando”. Hoje são 14 famílias M’bya Guarani vivendo no local.
Além da conversa com o cacique, o grupo teve contato com o artesanato e a comida Guarani, percorreu a comunidade, conhecendo a Opy – Casa de Reza Guarani, e viu a apresentação do Coral Araí Ovy, do maestro e compositor Romário Werá Xunun.
Para Tiago Diniz da Costa, professor de Inglês, o curso possibilitou compreender a diversidade que existe no país. “Poder levar isso pra dentro da escola e poder trabalhar com os nossos alunos e eles aprenderem a respeitar todo esse material rico, tanto humano quanto de cultura. A gente tem muito a aprender com a cultura indígena”.
Sobre o PROFORDI
Um dos objetivos do PROFORDI é atuar diretamente em espaços educativos e formativos para promoção do diálogo intercultural, como forma e enfrentamento ao racismo.
As formações realizadas pelo programa se dão em parceria com as pessoas indígenas, propiciando encontros entre os diversos setores da sociedade, especialmente instituições de ensino, com a realidade indígena. Os materiais utilizados nesses momentos também são de autoria indígena, como músicas, entrevistas, livros, artesanatos e bonecas.
Nas formações, também são apresentados os materiais didáticos produzidos pelo COMIN, como os jogos “MOVÍ: o jogo dos territórios indígenas” e “Jogo da memória – Indígenas e profissões”. Eles são um ótimo recurso para docentes trabalharem a questão indígena com suas alunas e seus alunos, além de ser uma ferramenta para professoras e professores indígenas discutirem questões identitárias e relação com a sociedade não indígena.