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Conferência Sementes de Esperança em tempos complexos – Da América Latina para o Mundo debate a importância de esperançar no ato de ensinar e aprender

Conferência Sementes de Esperança em tempos complexos – Da América Latina para o Mundo debate a importância de esperançar no ato de ensinar e aprender
11 de novembro de 2021 Comunicação FLD

Aline Kayapó, liderança indígena

Nos dias 5 e 6 de novembro, foi realizada, de forma virtual, a Conferência Sementes de Esperança em tempos complexos – Da América Latina para o Mundo. O encontro reuniu mais de cem educadoras e educadores de escolas e organizações sociais de 17 países de diversos continentes.

A conferência foi promovida pela rede global pedagógica GPENreformation, que é formada por 849 escolas, faculdades, igrejas e organizações protestantes de todo o mundo, entre elas a Fundação Luterana de Diaconia – Conselho de Missão entre Povos Indígenas – Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (FLD-COMIN-CAPA) e a Rede Sinodal de Educação. Também controu com a promoção da Secretaria Geral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), da Associação Nacional de Escolas Luteranas da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (ANEL/IELB) e da Obra Educativa Sinodal da Igreja Evangélica Luterana Unida (IELU) da Argentina.

O evento iniciou com saudações de Jonathan Laabs, do Conselho da GPENreformation, e da Pastora Presidente da IECLB, Sílvia Genz, seguida pelos pastores presidentes da IELB e IELU. A moderação da conferência foi realizada por Joni Roloff Schneider, da Rede Sinodal de Educação, e por Miguel Angel Fernández, da Obra Educativa Sinodal.

Cibele Kuss, secretária executiva de FLD-COMIN-CAPA, mediou a primeira palestra e mencionou, em sua fala, a denúncia dos povos indígenas quanto à destruição da natureza feita na Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas – COP26.

Cibele Kuss, secretária executiva de FLD-COMIN-CAPA

Edson e Aline Kayapó, lideranças indígenas, abordaram, na primeira palestra, o tema “Povos indígenas e diálogo intercultural: o que a escola precisa aprender sobre esperançar?”. Aline propôs falar em envolvimento ao invés de desenvolvimento; e Edson mencionou a importância do reencantamento das relações socioambientais, do respeito à vida como um todo, às pessoas, aos rios, às águas, às árvores e às montanhas. “As escolas são espaços importantes para fazer estes debates, importante para ensinar o respeito à vida humana e à natureza. A escola é um lugar de esperançar”.

Edson Kayapó, liderança indígena

O dialogo intercultural e inter-religioso é uma metodologia de superação da crise e do enfrentamento ao racismo. Estimular a leitura da literatura indígena nas escolas é uma forma de difundir conhecimento e saberes dos povos indígenas e promover o respeito. Através da elaboração de materiais didáticos e publicações, como o caderno da Semana dos Povos Indígenas, FLD-COMIN tem promovido esse diálogo, informando amplamente a sociedade em geral para a questão indígena em colaboração com representantes desses povos. Saiba mais CLICANDO AQUI.

No trabalho em grupos, educadoras e educadores refletiram sobre de que formas as experiências dos povos indígenas e dos povos originários podem ensinar as educadoras e os educadores a esperançar no ato de ensinar e de aprender. Entre as propostas apresentadas na plenária, estavam: partir dos princípios de envolvimento, complementariedade e relacionalidade; avançar no sentido de reconhecer vivências de discentes como algo fundamental, tão ou mais importante quanto conteúdos; e a escola como um agente de transformação e de mudança de paradigma.

O segundo dia iniciou com o painel “Cuidar da vida em sua diversidade por meio da educação”, que contou com a participação de Alvori Alhlert, Amanda Costa e Benilda Brito, do Brasil, e Andrea De Vita, da Argentina. Alvori lembrou dos acampamentos de juventude “Repartir Juntos”, onde a espiritualidade e o engajamento social se entrelaçavam. Também ressaltou que a educação escolar pode semear esperança dando mais atenção aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), focando na sustentabilidade, na resiliência e formando pessoas como tomadoras de decisões. Já Andrea salientou o uso de novos conceitos, atividades lúdicas, escuta e entendimento para uma construção coletiva de conhecimento a partir de uma pedagogia crítica em um processo emancipador. Falou ainda sobre a importância de uma linguagem libertadora, sem discriminação. “Reaprender a se relacionar e a falar”.

Benilda ressaltou a necessidade de enfrentar o racismo ambiental e o racismo estrutural. “O enfrentamento ao racismo não é tarefa só de pessoas negras, mas sim de todas as pessoas, tendo a escola como um lugar de respeito a todas as culturas.” Amanda falou diretamente de Glasgow, onde estava participando com mais de 80 jovens do Brasil da COP26, trazendo as vozes de jovens negras e kilombolas no debate sobre mudanças climáticas. “Esperança é sinônimo de amor e afeto. Importante rever a forma de ensinar com amor a todas as pessoas. O racismo desumaniza. Não podemos falar em esperança sem combater o racismo. Importante trazer pessoas negras para trazer as suas narrativas. As escolas precisam escutar os territórios e valorizar os saberes indígena e kilombola. O espaço de educação precisa ser um espaço plural, um espaço de esperança”.

Educadoras e educadores refletiram sobre como espalhar sementes de esperança, assim como instituições e organizações evangélico-protestantes ligadas à GPEN. Entre as questões apresentadas na plenária estava a importância da diversidade das falas, da diversidade étnica, geracional e geográfica, assim como a importância e a potência na fala da juventude, que precisa ser valorizada nas escolas. A representatividade é essencial, bem como o protagonismo das educadoras e dos educadores enquanto agentes motivadoras e motivadores de transformação.

Na palestra final, o pastor Gustavo Gómes Pascua, da IELU da Argentina, abordou diversos aspectos da Pedagogia da Esperança, necessários no atual contexto crítico e nestes tempos complexos. A conferência encerrou com reflexões e mensagens de esperança de educadoras e educadores de diversos países e de pessoas membras do conselho do GPEN.

Por meio do projeto Educação para a Solidariedade e Paz, desenvolvido por FLD-COMIN-CAPA e pela Rede Sinodal de Educação (RSE), em parceria com escolas e instituições que integram a RSE, será dada continuidade para o desenvolvimento de ações e projetos de solidariedade, paz e esperança.

Confira abaixo a palestra Povos indígenas e diálogo intercultural: o que a escola precisa aprender sobre esperançar?

 

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