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Temática indígena em discussão: atividades e formações do COMIN durante o mês de abril atingem mais de 1600 pessoas

Temática indígena em discussão: atividades e formações do COMIN durante o mês de abril atingem mais de 1600 pessoas
6 de maio de 2019 zweiarts

A dificuldade que existe para que as pessoas reconheçam a presença indígena na atualidade está ligada à invisibilidade existente em relação a esses povos. Embora estejam presentes em diferentes espaços do dia a dia da sociedade, nas ruas das cidades, em locais de discussão de políticas, em escolas e universidades, poucas vezes sua presença é percebida ou valorizada. Por isso, para que esses povos sejam reconhecidos, é preciso que se fale sobre eles e sua cultura. E, mais do que isso, que tenham protagonismo sobre esse falar.

Esse é o objetivo das atividades de formação do COMIN: propiciar encontros entre indígenas e não indígenas a fim de diminuir o preconceito que existe com os povos originários através da conscientização e valorização da história e cultura desses povos.

Em abril, mais de 1600 pessoas participaram das atividades do COMIN. Os eventos aconteceram nos estados do Acre, Rondônia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre as ações, ocorreram rodas de conversa, palestras, atividades de formação e lançamento de materiais. Grande parte do público atingido foram universitárias e universitários, docentes e membresia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB). A maioria das atividades, no entanto, foi aberta ao público, o que acabou diversificando ainda mais as pessoas participantes.

A presença e o envolvimento de pessoas indígenas nos momentos de formação foram constantes, evidenciando um movimento de demarcação de espaços de fala. Em seus relatos, foi possível perceber a urgência de se trabalhar a temática indígena em diferentes espaços, principalmente nas instituições de ensino, afinal a forma como as professoras e os professores abordam o assunto com suas alunas e seus alunos contribui muito para a diminuição ou não do preconceito em relação aos povos indígenas.

Apesar de abril ser o mês indígena e, por isso, uma boa oportunidade para trazer a temática indígena à pauta, não devemos esquecer que os povos indígenas precisam ser lembrados e respeitados durante todos os meses do ano.

Protagonismo indígena

A palestra “Quebrando preconceitos, construindo respeito: luta e resistência dos povos indígenas no Brasil” que aconteceu dia 11, no Câmpus Sapucaia do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), localizado em Sapucaia do Sul (RS), teve a presença do indígena Kaingang Marcos Vesolosquzki. Marcos é acadêmico do curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e foi um dos autores do material da Semana dos Povos Indígenas deste ano. Para ele, os espaços de formação são importantes “na medida em que há um desconhecimento no que tange às temáticas dos povos indígenas hoje”. Assim, esses são momentos propícios para que as pessoas indígenas possam falar um pouco sobre a diversidade étnica do Brasil.

Outro aspecto ressaltado por Marcos é a experiência de ter indígenas nessas atividades e a oportunidade de mostrar que a pessoa indígena existe, é presente e está no cotidiano. “É fundamental conhecer sobre povos indígenas, conversar com indígenas e, para isso, é fundamental a nossa presença nesses espaços. Mas que isso seja proporcionado também pelas pessoas, que elas tenham interesse em nos chamar”, disse.

Pauta indígena é sempre atual

Os momentos de formação são espaços importantes não só para dar visibilidade aos povos indígenas, mas também para trazer ao debate questões que dizem respeito à temática indígena e estejam relacionados à conjuntura atual. Nas atividades de abril, algumas falas se deram em torno de pautas como a luta pela manutenção de uma saúde específica para os povos indígenas e pelo atendimento via Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e as mobilizações que vêm acontecendo no país inteiro, desde janeiro, pelos direitos dos povos originários, principalmente aqueles que dizem respeito aos territórios.

Essas foram algumas provocações trazidas por Rodrigo Mariano, indígena Guarani M’bya e estudante do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O acadêmico participou da formação “Educação e diversidade: como incluir a temática indígena em sala de aula”, realizada no dia 1º, no campus São Lourenço do Sul (RS) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), e da segunda edição do Universidade Aberta da Universidade Regional de Blumenau (FURB), em Santa Catarina, realizado dia 17, juntamente de indígenas do povo Laklãnõ/Xokleng. “Hoje se reconhece que mais de oito mil indígenas foram mortos na ditadura, mas mesmo nessas situações seguimos sendo invisibilizados”, lembrou Rodrigo ao tratar sobre as perseguições que as pessoas indígenas ainda vêm sofrendo no país.

Obras lançadas

As atividades realizadas em abril também foram importantes espaços para fazer o lançamento das publicações do COMIN. Além do material da Semana dos Povos Indígenas 2019 – que tem como tema “Quebrando preconceitos, construindo respeito: luta e resistência dos povos indígenas no Brasil” –, outras duas obras foram divulgadas: os livros “Ser mulher indígena é…Narrativas de mulheres indígenas brasileiras” e “Cerâmica Apurinã: resistência com as mãos no barro”. Ambos também foram entregues às pessoas indígenas que contribuíram com suas construções, seja através do relato de histórias ou na organização textual das narrativas.

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