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Encontro sobre agrofloresta e roçado compartilha conhecimento tradicional Guarani em Santa Catarina

Encontro sobre agrofloresta e roçado compartilha conhecimento tradicional Guarani em Santa Catarina
5 de abril de 2019 zweiarts

O COMIN promoveu, nos dias 2 e 3 de abril, em parceria com as dez aldeias Guarani do litoral norte de Santa Catarina, um encontro sobre agrofloresta e roçado tradicional do povo Guarani. A atividade aconteceu na aldeia Yvapuru, em Araquari e contou com a presença de 50 pessoas, entre elas lideranças, jovens, agentes ambientais das aldeias e, principalmente, os Xeramoi (avôs) e as Xejary’i (avós), que foram os grandes professores e as grandes professoras do encontro.

Os Xeramoi e as Xejary’i são grandes conhecedores e conhecedoras e também guardiões e guardiãs do conhecimento tradicional do modo de ser Guarani. No encontro, trouxeram seus conselhos e preocupações sobre a manutenção das práticas tradicionais e compartilharam técnicas milenares de plantio que ainda são praticadas, mas em pequena escala. O momento foi importante, pois há muita preocupação com as jovens e os jovens por sofrerem muita influência externa através da televisão e da internet e, por isso, acabam deixando de praticar as formas tradicionais de plantio e colheita. Esta realidade causa problemas na sustentabilidade das comunidades.

Como encaminhamento, os Xeramoi e as Xejary’i decidiram se unir em um conselho para acompanhar e aconselhar as jovens e os jovens de cada uma das dez aldeias, a fim de fortalecer todo o modo de ser Guarani (Mby’a reko) – onde tudo está interligado pela espiritualidade, que fundamenta, inclusive, a agricultura tradicional. Os povos Guarani são um dos povos indígenas do continente americano responsáveis por hoje termos o conhecimento do milho, da melancia, do fumo, do amendoim, do feijão e diversos outros alimentos, além de usos medicinais das plantas nativas.

Para o cultivo dos roçados do modo tradicional, é necessário ter um ambiente ecologicamente equilibrado, o que garante naturalmente o solo e plantas saudáveis e também o controle natural de insetos, fungos e bactérias predadoras. A floresta preservada em uma extensão significativa é fundamental para o modo de ser, garantindo o uso de plantas nativas para construções, medicina, rituais, artesanato e presença de animais silvestres. Nesse sentido, o povo Guarani também luta pela conclusão do processo de demarcação e homologação de suas terras tradicionais.

O encontro sobre agrofloresta e roçado tradicional foi uma ação que compõe o projeto trienal do COMIN “Povos Indígenas: Resistir e Transformar”, apoiado por Pão Para o Mundo, que está iniciando este ano e terá duração de três anos. A elaboração do projeto foi refletida com as lideranças Guarani em 2018, definindo as ações mais importantes para melhorar a qualidade de vida nas aldeias. Os principais objetivos do projeto são melhorar a sustentabilidade territorial das comunidades, fortalecer as lideranças indígenas para a defesa de seus direitos e ampliar o conhecimento de não indígenas, no entorno das Terras Indígenas, sobre as culturas indígenas.

Crédito das fotos: Roberto Assis Moreira (fotógrafo Guarani)

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