Resgatar o aprendizado da cestaria tradicional Apurinã, atraindo as pessoas mais jovens, principalmente as mulheres, como forma de resistência cultural, social e econômica. Esse foi o objetivo da oficina de cestaria e tecelagem tradicional Apurinã que aconteceu na Terra Indígena (TI) Kapyra Kanakury, comunidade Xãmakery, localizada em Pauini (AM).
A oficina contou com a participação de 64 pessoas, entre homens, mulheres, crianças e jovens Apurinã, de seis comunidades: Xãmakery e São Benedito da TI Kapyra Kanakury, Vera Cruz, Boa União, Jagunço e Nova Floresta da TI Peneri Tacaquiri. Entre elas, dona Cecília Apurinã, uma das mestras da tecelagem. Ela, que aprendeu a prática de tecelagem e cestaria com sua avó, afirmou que a importância da oficina está em possibilitar que as futuras gerações possam dar continuidade a esse tipo de atividade.
A oficina teve ainda a participação de professoras e professores, alunas e alunos, o que foi muito importante e significativo para seu objetivo, pois a ideia é que essas atividades possam ser levadas para a escola como parte do conteúdo curricular da Educação Escolar Indígena Apurinã.
As cestarias Apurinã são artefatos com muita importância e significado para o povo Apurinã, que as utiliza para quase tudo que vai fazer, como, por exemplo, para levar às roças, pescarias e coletas de frutos e para guardar objetos. No entanto, com o passar do tempo, o ato de fazer cestaria, que era passado de geração para geração, foi se perdendo. Entre os motivos estão a perda de território e da cultura e língua Apurinã e a introdução das escolas não indígenas nas comunidades, o que acabou por gerar o desinteresse das pessoas mais novas em relação ao aprendizado com a cestaria.