“A oportunidade de conhecer e dialogar com um jovem Guarani foi uma experiência relevante, pois oportunizou a superação do senso comum e, muitas vezes, preconceituoso sobre as comunidades e povos indígenas”. Este é o relato de uma jovem participante da oficina ‘Artes Indígenas’, durante o 34º Acampamento Repartir Juntos (ARJ), que ocorreu nos dias 18-22 de janeiro de 2017, no Parque de Exposições de São Borja/RS.
O tema do acampamento foi ‘Do passado ao futuro: 500 anos da Reforma!’, aprofundado com diversas assessorias e dinâmicas. Durante o Acampamento, também foi possível a participação dos e das jovens em oficinas temáticas e práticas, entre as quais a oficina “Artes Indígenas’, assessorada por Anildo Kuary (cacique) e Tereza Benites, ambos do Tekoa Yancã Ju (Santo Ângelo/RS), e o assessor do COMIN-Conselho de Missão entre Povos Indígenas, Sandro Luckmann.
A oficina abordou a realidade e estatísticas dos povos e comunidades indígenas no Brasil, informações sobre a cultura do povo Guarani, habitante tradicional da região em que se realizou o ARJ, destacando que o povo Guarani não reconhece a geopolítica de fixação de fronteiras internacionais entre Brasil e Argentina, pois transitam neste espaço a partir de uma concepção de território própria e anterior à criação das fronteiras. Ainda foram abordados aspectos das expressões artísticas Guarani, que são distintas das dos outros povos indígenas que vivem e transitam na região. Aspectos da língua Guarani também foram explicitados, evidenciando que, no Brasil, os povos indígenas falam cerca de 280 línguas distintas entre si, ressaltando, assim, a diversidade cultural e étnica entre os mesmos.
Ao final da oficina, foi exibido o vídeo Tekoa Yancã Ju (https://www.youtube.com/watch?v=EbIF3C85bWg), produzido pelo minicurso de vídeo com jovens indígenas, em uma parceria entre o COMIN, a Universidade Federal da Fronteira Sul-Campus de Cerro Largo (UFFS-CL) e o Observatório Missioneiro de Atividades Criativas e Culturais (OMICult/Unipampa). O vídeo apresenta aspectos culturais e da economia do povo Guarani e foi produzido por jovens indígenas de cinco comunidades da região noroeste e missioneira do Rio Grande do Sul. Isso evidencia que o domínio da tecnologia pela comunidade indígena contribui para a aproximação, o conhecer-se, a superação do preconceito, potencializando diferentes canais através do protagonismo indígena.
Durante todo o evento do ARJ, jovens Guarani comercializaram artesanato e participaram em outros momentos da programação, como no relato da necessidade de superar a situação de invisibilidade e preconceito, a fim de cuidar das outras pessoas, tema abordado em uma das paradas durante a Caminhada Ecumênica da Juventude, realizada com a participação das juventudes reunidas no ARJ e dos grupos de jovens de comunidades católicas de São Borja/RS.
O COMIN envida esforços no diálogo e na aproximação entre jovens indígenas e juventudes da IECLB, para a promoção do amor à pessoa próxima, respeito entre as diferentes culturas e o reconhecimento da diversidade étnica no Brasil. Desta forma, são constantes as participações de jovens e grupos indígenas em eventos como CONGRENAJE, acampamentos de jovens, programas sinodais e paroquias, programas ecumênicos, intercâmbio entre grupos de mulheres.
O testemunho e o serviço com as comunidades indígenas e toda a sociedade visa oportunizar outros relatos, como o da jovem no ARJ, em São Borja/RS, corroborado pelo cacique Anildo Kuary, que também considerou “importante falar sobre a cultura Guarani e assim tornar mais conhecida a cultura do meu povo, para mostrar que o jeito diferente de ser não impede as pessoas de serem mais próximas e se respeitarem!”