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Intercâmbio Intercultural de Saberes e Sabores

Intercâmbio Intercultural de Saberes e Sabores
20 de novembro de 2014 zweiarts

Intercâmbio Intercultural de Saberes e Sabores entre os grupos de mulheres Kaingang e OASE-Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas da IECLB-Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, tem o objetivo de promover articulações e diálogo intercultural, fortalecendo a interação, a convivência e a ampliação de saberes e sabores. O intercâmbio é uma ação diaconal do COMIN-Conselho de Missão entre Povos Indígenas/IECLB, que atua com as comunidades indígenas. A missão diaconal é entendida como ir ao encontro da outra pessoa e fazer juntos/as; colocar-se a caminho, ir para outros espaços e estabelecer relações com pessoas, que fazem parte da criação divina. Os seres humanos são a semelhança do Criador e se constituem em culturas e saberes diferentes. No intercâmbio, estes são partilhados e trocados.

No dia 29 de outubro de 2014, um grupo de mães, avós, crianças Kaingang, agentes indígenas de saúde (um total de 36 pessoas) e a assessora do COMIN, Noeli Teresinha Falcade, visitaram o grupo de mulheres da OASE no salão comunitário de Três de Maio/RS. Este mesmo grupo de mulheres esteve no Setor Três Soitas (Terra Indígena Guarita, Tenente Portela/RS) no mês de novembro de 2013, em visita ao grupo de mulheres Kaingang.

Após acolhimento das visitantes com músicas e canto, ocorreu, no período da manhã, palestra sobre “Prevenção e cuidado com a saúde da mulher”, proferida por representantes do IMAMA (Instituto da Mama) local. Houve também roda de conversas entre as participantes e venda de artesanato Kaingang, com posterior almoço comunitário. No período da tarde, representantes das mulheres Kaingang falaram sobre as atividades coletivas, destacando as visitas entre os grupos. Houve apresentação artística de jovem Kaingang intitulada “A mais bela índia”, com roupa típica da cultura, destacando as marcas do grafismo Kaingang. Um grupo de mulheres da OASE apresentou danças gauchescas, realizou-se a dinâmica da amiga secreta, com mimo confeccionado a partir da cultura, e encerramento com mensagem de envio e lanche.

Trocas de experiências entre culturas

Compreendendo que o Intercâmbio Intercultural de Saberes e Sabores é um momento de diálogo e aprendizagem mútuos, as mulheres Kaingang e luteranas apresentaram seus trabalhos enquanto grupos e falaram do seu cotidiano. Os trabalhos grupais refletem o dia a dia e buscam encaminhar contribuições e mudanças de comportamento acerca da realidade vivida. A prática e a arte de trançar é uma fonte de renda, mas também uma maneira de manter vivas as culturas. O trabalho artesanal identifica os grupos. Cada grupo tem os seus saberes, suas experiências de trabalho, mas a essência e o significado perpassam as tranças, pontos, as cores dos fios de linha, dos tecidos, dos estalados de taquara, sementes, miçangas, dando forma às peças artesanais dos saberes interculturais. Enquanto uma mulher Kaingang tece um cesto, uma mulher luterana tece um crochê. São aprendizados e saberes vividos que aproximam culturas e descentralizam encontros.

Nesta perspectiva, os encontros interculturais de saberes e sabores são experiências de trocas de conhecimentos entre o grupo visitante e as visitadas. Além do mais, o diálogo intercultural acontece em clima de harmonia e comunhão, estabelecendo interações entre pessoas.

As mulheres Kaingang avaliaram o intercâmbio como momentos de se conhecer e aprender juntas. “É preciso sair de nossos espaços e ir ao encontro do outro, da outra e alimentar-se de saberes e sabores distintos”. Esta experiência enriquece os grupos e contribui para aproximar, conhecer e respeitar a diversidade da Criação Divina. Revigorar e socializar experiências culturais e de vida constitui-se no reconhecimento de um saber, que auxilia na promoção e no cuidado da vida humana e do bem estar comunitário.

O propósito do Intercâmbio Intercultural de Saberes e Sabores é possibilitar a continuidade do trabalho que envolve culturas diferentes, dialogando e interagindo através do protagonismo intercultural, ressignificando aprendizados e contextos comunitários, na perspectiva de valorizar, conhecer, respeitar as diferenças, criando pontes na diversidade da Criação Divina.

 

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