Oriundo da comunidade de Guarita, formada por indígenas Kaingang e Guarani, em Tenente Portela (RS), Zico apresentou o trabalho intitulado “Caracterização Sociodinâmica da Comercialização do Artesanato Kaingang na Terra Indígena de Guarita”. Segundo Zico, um dos objetivos do trabalho foi avaliar os diferentes processos que envolvem a atividade artesanal no segmento da comercialização, desenvolvida pelo povo indígena Kaingang na sua aldeia, que é a maior área Kaingang do Rio Grande do Sul, com mais de 23 mil hectares e a mais populosa do país, com cerca de 7.500 indígenas. “Cerca de 1/3 da população indígena de Tenente Portela está envolvida com artesanato e é uma importante, se não a principal fonte de renda desse grupo, já que a maioria não possui áreas de terra que possam gerar produtos comercializáveis”, explica. Zico é o primeiro estudante indígena de pós-graduação Lato Sensu no Brasil que teve sua permanência universitária garantida por meio de bolsa de estudos. “Acredito que estamos conseguindo adequar as leis de acesso e permanência indígena na universidade, que já estão em vigor no nosso país”, analisa o professor da UFFS e orientador do estudante, César de Miranda e Lemos. O coorientador, José Palazuelos Ballivian que trabalha no Conselho de Missão entre Indígenas (COMIN) também entende que “é preciso construir pontes e diálogos entre as minorias com os espaços do saber. A academia precisa mostrar a cultura do indígena, porém a partir de sua própria voz e não mais por um pesquisador de fora, com uma outra identidade”, argumenta. Sobre a formação acadêmica, Zico, que é agrônomo formado pela Unijuí e trabalha no Departamento de Assuntos Indígenas na Prefeitura Municipal de Tenente Portela, acredita que a formação universitária é necessária para esse processo de desenvolvimento da soberania e sobrevivência da comunidade indígena.