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Mulheres Arara realizam oficina de cestaria

Mulheres Arara realizam oficina de cestaria
14 de março de 2011 zweiarts

Dos dias 24 a 27 de fevereiro ocorreu mais uma oficina de artesanato do povo Karo/Arara, na aldeia Iterap, da TI Igarapé Lourdes, Rondônia, desta feita de cestaria. A anterior, de algodão, foi realizada em outubro do ano passado. Essas oficinas estão dentro de um contexto de revitalização cultural e geração de renda para as mulheres Arara. Aquelas que sabem confeccionar certo tipo de artesanato ensinam às outras, principalmente para as meninas mais novas. As mais velhas se preocupam com aquelas mulheres que não têm mais interesse em fazer cestarias ou outro tipo de artesanato. As mulheres Arara ainda usam muitas cestarias nos trabalhos domésticos e nos roçados. Os paneiros, por exemplo, são muito usados para buscar produtos dos roçados. Mas tem alguns tipos de cestaria, usados antigamente para coar macaloba (chicha), por exemplo, que foram substituídos por telas de fibra, adquiridos na cidade. Além de uso próprio, o artesanato também pode ser vendido na cidade. Incentivar e possibilitar que as mulheres das duas aldeias Arara se encontrem para fazer artesanato, melhorar a qualidade, repassar o conhecimento, a técnica, as histórias, a origem e os mitos relacionados a essa arte para as mais novas é a intenção deste projeto de revitalização cultural e geração de renda, realizado pelo COMIN, com apoio da Brot für Hungernde. Algumas mulheres se prepararam para esta oficina. Dias antes já foram secando as palhas de tucumã ou babaçu, que são tiradas das palmeiras sem destruí-las, para confecção dos cestos. Outras se preocuparam com isso em cima da hora. Por isso só puderam confeccionar paneiros, que são mais fáceis e rápidos de serem feitos. As mulheres do Pajgap chegaram na aldeia Iterap, com o apoio do COMIN para transporte. Foram cerca de 30 pessoas, entre adultos e crianças. Ficaram hospedadas nas casas de parentes; o evento ocorreu na casa cultural da aldeia; a alimentação foi feita na cozinha da escola, com apoio de Claudia e Rute Arara. Ao todo foram 35 mulheres e o dobro de crianças, que foram destaque nesta oficina. É comum a presença de crianças/filhos em eventos para mulheres. Mas nesta oficina elas foram maioria. Havia uma algazarra na sala do evento, mas sem elas não haveria tanta alegria. Contudo, nem tudo foi alegria. No dia 26 de manhã fomos surpreendidas com a notícia do falecimento da filhinha da Angela Arara, prematura, que estava internada na UTI em Porto Velho. E na mesma manhã, soubemos que, ao se deslocarem de madrugada, de Porto Velho a Ji-Paraná, o táxi alugado pela Casa do Índio ( CASAI) capotou, levando a óbito a motorista, de 23 anos. O corpo do bebê ficou desaparecido por algumas horas. Angela foi socorrida por um caminhoneiro. Não sofreu ferimentos graves. O enterro do bebê ocorreu na tarde desse dia de sábado, em Ji-Paraná, com a presença de poucos parentes, uma vez que estávamos ilhados na aldeia por conta de intensa chuva e queda de ponte. Nesta semana que se inicia, toda a comunidade do Iterap está de luto. A próxima oficina de artesanato, agora com cocos, está marcada para final de abril.

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