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Alteridade na Diversidade Cultural

Alteridade na Diversidade Cultural
17 de junho de 2010 zweiarts

Nosso olhar, o modo de ser e viver neste mundo é muito diferente do jeito de vocês olharem o mundo e viverem nele. Com estas palavras, lideranças do povo indígena Kaingang iniciaram a sua fala no “Encontro Nacional de Professores/as de Artes, Literatura e História” da Rede Sinodal de Educação. O encontro, com a temática “Alteridade na Diversidade Cultural”, nos dias 28 e 29 de maio de 2010, em Lajeado, contou com a presença de 120 professores/as do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Os Kaingang manifestaram que o que mais valorizam é a vida com saúde. Não somente a saúde das pessoas, mas a vida de todos os seres vivos. Neste sentido, apresentaram traços da cultura de seu povo, compartilhando o jeito de viver na aldeia Morro do Osso, em Porto Alegre.

O vice-cacique Francisco dos Santos contou: o meu pai tem 107 anos. Ele é meu mestre… é um doutor para o nosso povo. Sabe muito! Moramos juntos na mesma aldeia. O que falo para vocês eu aprendi com ele. Eu continuo aprendendo com ele. Na cultura indígena Kaingan as crianças aprendem com o pai, a mãe, tias e, principalmente, com os avôs. Não deixamos a responsabilidade da aprendizagem dos nossos valores para a creche. Um exemplo é que a mãe sempre come junto com seus filhos e suas filhas e quando faz artesanato as crianças estão por perto, aprendendo também.

Durante o Encontro as lideranças falaram sobre a história e o sistema dualista entre outros traços da cultura de seu povo. A ênfase maior esteve na manifestação de profunda tristeza em relação ao jeito da sociedade nacional relacionar-se com a natureza. Percebem isso também no Vale do Taquari, região onde ocorreu o encontro e que é território tradicional Kaingang. As pessoas derrubaram muitas árvores, dos mais diversos tipos e plantam somente acácia e eucalipto. Com esta prática tiram não só as frutas e a água, mas também a possibilidade de sobrevivência dos pássaros e de outros seres da natureza, incluindo as pessoas.

Neste sentido, concluíram a fala, com fortes questionamentos: que valores regem a comunidade, que só planta acácia e eucalipto? Onde estão os tatus que viviam felizes no Vale do Taquari? O que os passarinhos vão dar de alimento para seus filhotes onde só tem acácia e eucalipto? Como e o que irão comer as crianças com as suas mães? Como podemos maltratar e matar, desta forma, quem cuida de nós?

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