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3ºCurso de saúde da mulher indígena

3ºCurso de saúde da mulher indígena
6 de janeiro de 2009 zweiarts

Nos dias 4 a 7 de dezembro realizou-se um curso de saúde da mulher indígena na aldeia Deni Itaúba, rio Xeruã. Estiveram presentes no curso parteiras experientes e mulheres jovens, aspirantes ao ofício do trabalho de parteira. Participaram 47 pessoas do curso de todas as aldeias Deni e Kanamari do rio Xeruã, município de Itamarati. Além das mulheres participaram deste curso os 8 agentes indígenas de saúde e algumas lideranças Deni e Kanamari do rio Xeruã.

A enfermeira Sandra Araújo Moreira da FUNASA assessorou as parteiras e os agentes indígenas de saúde durante os três primeiros dias. Os assessores no último dia do curso foram os professores Nelson José Batista Lacerda, licenciado em Química Ambiental pela UFAM e estudioso da fitoterapia e Francisco dos Santos Amaral da equipe do CIMI-Tefé. O COMIN de Carauari financiou o curso com o apoio da coleta nacional da IECLB.

O primeiro dia foi dedicado a uma reavaliação do 1º curso de saúde da mulher indígena realizado em 2008. Muitas ervas medicinais registrada no curso anterior foram lembradas e constatou-se o uso destas ervas no trabalho das parteiras. Foi salientada a importância da parteira e sua responsabilidade em ajudar a trazer as crianças indígenas a esse mundo. As parteiras deram seus depoimentos a respeito da importância e registraram: Elas estão presentes na gravidez, no parto e depois do parto, salvam crianças, elas sabem ajeitar a posição da criança para o parto, elas são respeitadas e passam a sua experiência para jovens mulheres que querem ser futuramente parteiras.

As parteiras Deni e Kanamari mostraram passo a passo como realizar um parto e tiraram as dúvidas com a enfermeira Sandra. Discutiu-se como proceder em casos de partos difíceis e casos onde os recém-nascidos não choram ao nascer. Duas parteiras Deni e Kanamari ajudaram a encenar uma peça de teatro com os procedimentos de um parto e os cuidados imediatos ao nascimento do recém-nascido e pós-nascimento. As parteiras Deni e Kanamari sabem de muitas plantas medicinais que servem para as complicações do parto. A troca de conhecimento entre as duas etnias a respeito das plantas medicinais perpetuou o curso todo.

O segundo dia foi dedicado ao tema de puerpério, período que decorre desde o parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher voltem às condições anteriores à gestação, e pós-puerpério. As mulheres Kanamari e Deni relataram como as mulheres gestantes e com crianças recém-nascidas e os maridos destas mulheres tem regras e dietas especiais de resguardo conforme a respectiva cultura. A importância da higiene corporal e íntima diária para a saúde da mulher foi salientada. Outros temas foram autoavaliação como o câncer de mama, gestações próximas das outras, importância da amamentação para a saúde da mulher e a fertilidade.

Seis grupos apresentaram em forma de desenhos, teatros e por escrito todos os assuntos do dia com sucesso. O terceiro dia foi dedicado às doenças sexualmente transmitidas (Gonorreia, Candidíase, Herpes, Sífilis, AIDS e outras) e o uso correto do preservativo. Cada grupo tinha a tarefa de apresentar uma doenças sexualmente transmitida e comentar a respeito dela. Um voluntário mostrou como usar o preservativo e sua importância para evitar DST/AIDS. No quarto dia foram registradas plantas medicinais conhecidas por um povo e desconhecidas pelo outro. Foram buscadas as plantas na floresta e explicado seu uso. Uma planta para mordida de cobra foi apresentada pelos Kanamari que os Deni não conheciam ainda, mas cresce perto das suas aldeias.

No final do dia foi feita uma horta de plantas medicinais na aldeia Itaúba com plantas da floresta e com ervas medicinais domésticas já conhecidas. Todas as parteiras querem implantar hortas com ervas medicinais nas suas aldeias. Todas as parteiras gostaram do curso e da dedicação da enfermeira da FUNASA e querem mais curso e pedem que seja fornecido material para um trabalho melhor.

As mulheres gostaram do curso, também, pelo fato de ter um espaço feminino próprio. Apreciaram esses cursos por ter um espaço próprio a enfermeira Sandra resumiu o seu relato sobre o curso: ” Enfim, o objetivo do curso foi alcançado, conseguimos falar sobre todos os temas escolhidos e em tempo hábil. Nos três dias de curso no qual eu fui assessora as/os participantes foram avaliadas/os para saber se as/os mesmas/os conseguiram aprender os assuntos explicados e o resultado foi muito bom.”

O COMIN de Carauari agradece a enfermeira Sandra Araújo Moreira por ter aceitado o convite de asses sorar o curso substituindo uma irmã da Pastoral da Criança que não foi liberada pelo Secretário de Saúde de Carauari na última hora. O COMIN agradece a disponibilidade do CIMI de Tefé na assessoria e na preparação do curso. Enfim queremos agradecer a todas as comunidades e pessoas da IECLB que possibilitaram com sua coleta para o trabalho com os povos indígenas a realização de um evento de suma importância para a saúde da mulher indígena.

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